Dados do Trabalho
Título
ASSOCIAÇÃO ENTRE CONSUMO DE GORDURAS PRESENTES EM ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E ALTERAÇÕES METABÓLICAS EM ADULTOS SAUDÁVEIS
Introdução
A transição nutricional e epidemiológica têm levado à intensificação de medidas regulatórias para a produção de alimentos ultraprocessados (AUP) e, dentre estas, a restrição do uso de gordura trans industrial (GTI) foi uma das principais regulamentações implementadas recentemente no Brasil. Porém, para que os AUP apresentem atributos sensoriais específicos e maior prazo de validade, outros processos para modificação de gorduras podem ser empregados, como a interesterificação. Nesse contexto, é fundamental identificar o consumo de gorduras modificadas pela população e as repercussões para a saúde humana. O objetivo desse estudo é estimar a quantidade de gordura proveniente de AUP consumida no último mês por adultos saudáveis e o tipo de processamento a que ela foi submetida e correlacionar com parâmetros clínicos e metabólicos.
Material e Métodos
Este estudo transversal está sendo realizado com indivíduos saudáveis entre 20 e 59 anos de idade. A coleta de dados inclui entrevista presencial com a aplicação do Questionário Simplificado para Consumo de Alimentos Ultraprocessados e Questionário de Frequência Alimentar mensal, além da aferição de medidas antropométricas e coleta de exames bioquímicos. A quantidade de gordura de AUP foi estimada em g/mês e os dados do tipo de gordura e processamento obtidos por meio dos rótulos dos alimentos citados no inquérito. Análises estatísticas descritivas e correlação de Spearman foram aplicadas.
Resultados e Discussão
Os resultados prévios apresentam 122 participantes (66% de mulheres, com idade média de 31.93±11.68/ Índice de Massa Corporal (IMC) de 24.09±2.92 kg/m²) com mediana de consumo de gorduras de AUP em 308.4±234.273 g/mês. Observou-se correlação positiva entre este consumo de gordura e maior peso corporal (r=0.314; p=<.001), maior circunferência de cintura (r=0.290; p=<.001), maior dosagem sérica de triglicerídeos (r=0.174; p=0.028) e maior resistência à insulina (r=0.215; p=009) pelo índice HOMA-IR. Não foi possível categorizar a origem e o processamento das gorduras presentes nestes alimentos pela falta de informações nos rótulos, porém estes achados corroboram alterações encontradas em estudos pré-clínicos com animais alimentados com gordura de palma interesterificada.
Conclusão
Conclui-se que a gordura presente nos AUP associa-se a maior peso corporal e maior taxa de resistência à insulina em indivíduos saudáveis.
Área
Aspectos regulatórios e inovações em embalagens de alimentos
Autores
Aline Dias Gonçalves Ferraz, Thais Cristina Santana Souza, Izabella Maria Flora Zamuner, Fernanda Mirela Amaral Gomes, Ligiana Pires Corona, Marciane Milanski