Dados do Trabalho


Título

CONCENTRAÇÃO DE METILMERCÚRIO EM PEIXES AMAZÔNICOS BRASILEIROS E AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE DA POPULAÇÃO LOCAL

Introdução

A região Amazônica é uma importante fonte de biodiversidade e recursos hídricos, mas tem contribuído com elevados níveis de exposição humana ao mercúrio. Sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar os níveis de metilmercúrio (MeHg) em peixes Amazônicos brasileiros, com posterior análise de risco à saúde da população local.

Material e Métodos

O tratamento de dados foi realizado com base em 14 estudos recentemente publicados e criteriosamente selecionados. Uma meta-análise de diferença bruta de médias foi conduzida a partir das concentrações de MeHg compiladas, seguida da análise de subgrupos para comparação dos níveis de contaminação de peixes entre diferentes estados, estações do ano (cheia, seca e transições) e níveis tróficos (predadores e não predadores). As meta-análises foram executadas no modelo de efeito randômico pelo software Rstudio (v. 2023.09.1). Já o risco de exposição da população adulta ao MeHg foi avaliado através da ingestão diária estimada (IDE) e da dose de referência oral disponível (0.1 ug kg PC⁻¹ dia⁻¹). Para estudos que determinaram apenas mercúrio total, assumiu-se que 100% do valor quantificado estava presente na forma de MeHg e que sua biodisponibilidade após ingestão é de 100%. Ao final, o consumo máximo de peixe considerado seguro foi calculado, com base na concentração média de MeHg obtida.

Resultados e Discussão

Os peixes Amazônicos brasileiros apresentaram uma concentração média de 0,29 ug MeHg g⁻¹, com diferença significativa entre os níveis tróficos (p < 0,05), reforçando a ocorrência de biomagnificação. Não foi observada diferença significativa de contaminação entre os estados amazônicos e estações do ano. Contudo, variações entre microrregiões e entre espécies específicas ao longo das estações não devem ser descartadas. A IDE calculada (1,80 ug MeHg kg PC⁻¹ dia⁻¹) excedeu a dose oral de referência, indicando um elevado risco de exposição ao MeHg pela população local. O consumo máximo de peixe considerado seguro para adultos é 160 g semana⁻¹, valor muito inferior à realidade de consumo das comunidades ribeirinhas (2870 g semana⁻¹). Tais achados enfatizam a necessidade de redução da exposição local ao MeHg¸ além da implementação de estratégias nutricionais protetoras, incluindo o consumo de espécies de menor nível trófico e em uma frequência semanal segura.

Área

Toxicologia e microbiologia de alimentos

Instituições

Seção Laboratorial Avançada em Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil, Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil, Universidade Federal Fluminense - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Milena Dutra Pierezan, Rodrigo Barcellos Hoff, Eliane Teixeira Marsico, Silvani Verruck