Dados do Trabalho


Título

FARINHA DE CANA-DE-AÇÚCAR: UMA NOVA FONTE DE AÇÚCARES, FIBRAS E COMPOSTOS BIOATIVOS

Introdução

O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, a partir do qual se obtém o açúcar e etanol. Entretanto, o processamento da cana e seus derivados geram toneladas de resíduos, entre os quais se destaca o bagaço da cana, com impactos ambientais negativos. Estudos evidenciam o bagaço da cana como fonte relevante de fibras e compostos fenólicos benefícios à saúde. Diante deste cenário, este estudo objetivou produzir duas farinhas de cana-de-açúcar, uma utilizando a cana integral, denominada farinha integral (FI) e a farinha utilizando somente o colmo descascado da cana (FC), caracterizar a composição nutricional, o potencial bioativo e a digestibilidade dos açúcares.

Material e Métodos

Para a produção da farinha utilizou-se a variedade RB 925345, amplamente produzida no Brasil, cultivada na estação experimental da Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, no ano de 2023. Para caracterização nutricional determinou-se umidade, minerais, proteínas, gorduras e fibra bruta, açúcares totais e redutores seguindo AOAC. O conteúdo de compostos fenólicos totais pelo ensaio com reagente de Folin-Ciocalteu e a atividade antioxidante pelos ensaios de captura de radicais DPPH e o potencial redutor de Fe+2 (FRAP). O ensaio de digestão gastrointestinal in vitro, protocolo INFOGEST 2.0., foi utilizado para determinar a digestibilidade dos açúcares. Todas as análises foram realizadas em triplicata.

Resultados e Discussão

As farinhas apresentam um teor de umidade de 5 % não diferindo entre si (p>0.05). Entretanto, a FI apresentou os maiores conteúdos de minerais (2,5 %), proteínas (2,53 %) e fibra bruta (11,5 %) em relação a FC (p <0.05). As farinhas apresentam um alto teor de sacarose 17,57 % FI e 15,53% FC, respectivamente (p<0,05). Pelo ensaio de digestão, a FC apresentou uma maior digestibilidade dos açúcares em relação FI (p<0.05). As farinhas apresentam um alto teor de fenólicos, 709,53 EAG/100g FI e 632,20 EAG/100g FC e seu elevado potencial antioxidante 461.15 uMTE/100g e FC 408,93 uMTE//100g pelo ensaio DPPH, respectivamente.

Conclusão

Estes resultados evidenciam o potencial de exploração da farinha da cana-de-açúcar como matéria prima fonte de açúcares, fibras e compostos bioativos para agregação de valor nutricional e bioativo em produtos alimentícios.

Área

Alimentos não convencionais: fontes alternativas

Autores

Crisciane Souza BORBA, Mariele Louis GHYSIO, Marcel Diedrich EICHOLZ, Cândida Raquel Scherrer MONTERO, Sérgio Delmar dos Anjos e SILVA, Rui Carlos ZAMBIAZI, Graciele da Silva Campelo BORGES