Dados do Trabalho

Título

CARACTERIZAÇÃO DE FARINHA DE CASCA DE CACAU E SEU POTENCIAL COMO INGREDIENTE ALIMENTÍCIO

Introdução

O cacau é amplamente valorizado por seus produtos alimentícios derivados, como chocolate e cacau em pó, além de suas características funcionais e nutricionais. O Brasil é o sexto maior produtor de cacau do mundo, produzindo cerca de 220 mil toneladas em 2022. No entanto, a casca do cacau, que representa 80% do fruto, é subutilizada. Por ser rica em pectina, compostos bioativos e antioxidantes, apresenta potencial funcional e nutricional e sugere um uso como ingrediente alimentar para reduzir o impacto ambiental e aumentar o valor nutricional de produtos. Este estudo teve como objetivo caracterizar a farinha de casca de cacau e avaliar o seu potencial como um novo subproduto.

Material e Métodos

As amostras de casca de cacau foram recebidas, liofilizadas e moídas para a produção da farinha. A farinha de casca de cacau foi utilizada na produção de um bolo experimental, que foi submetido a análises, assim como um bolo controle, produzido com farinha de trigo integral. Foram mensuradas a composição centesimal, o conteúdo total de carotenoides e a atividade antioxidante pelos métodos ORAC e TEAC da farinha e dos bolos. A farinha de casca de cacau foi analisada para a determinação e caracterização de compostos fenólicos.

Resultados e Discussão

Os resultados demonstraram que o componente majoritário na farinha de casca de cacau foram os carboidratos (45 g/100g) seguido das proteínas (15 g/100g). A adição da farinha ao bolo promoveu um aumento de aproximadamente 92,54% na atividade antioxidante no ensaio ORAC (26,8 µmol equivalente de trolox/g) e de 24,8% no ensaio TEAC (4877.7 µmol equivalente de trolox/g). A atividade antioxidante pode ter sido influenciada pela presença de compostos fenólicos na farinha, sendo os principais a malvidina (143 mg/100g), ácido cumárico (103 mg/100g) e hidroxibenzóico (49 mg/100g). O conteúdo de carotenoides no bolo experimental foi três vezes maior em comparação ao controle (0,4 mg/100g).

Conclusão

Os resultados indicam que a farinha de casca de cacau é um ingrediente alimentar promissor, preservando compostos bioativos após o processamento, proporcionando possíveis benefícios funcionais e nutricionais. Seu uso como subproduto do cacau também promove a sustentabilidade da cadeia produtiva, agregando valor econômico e nutricional a novos alimentos.