Dados do Trabalho


Título

Avaliação de risco à saúde de consumidores de pescado após o desastre com derramamento de petróleo ocorrido no Brasil

Introdução

Após desastres com derramamento de petróleo, torna-se fundamental avaliar o risco à saúde dos consumidores de pescado, especialmente devido à presença de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) como B[a]P (benzo[a]pireno), 4HPAs (somatória de benzo[a]antraceno, benzo[a]pireno, benzo[b]fluoranteno e criseno) e 8HPAs (somatória de benzo[a]antraceno, benzo[a]pireno, benzo[b]fluoranteno, benzo[k]fluoranteno, benzo[ghi]perileno, criseno, dibenzo[a,h]antraceno e indeno[1,2,3-cd]pireno), compostos carcinogênicos para humanos. O objetivo deste estudo foi avaliar o risco à saúde dos consumidores de pescado após o desastre com derramamento de petróleo ocorrido no Brasil.

Material e Métodos

Foi utilizado o modelo determinístico de exposição dietética crônica e a abordagem de margem de exposição (MOE). Para estimar a exposição dietética crônica, três diferentes cenários foram utilizados. No primeiro cenário, denominado “cenário médio” foram consideradas as concentrações médias quantificadas de B[a]P, 4HPAs e 8HPAs (0,92 µg kg-1, 9,50 µg kg-1 e 20 µg kg-1, respectivamente). No segundo cenário, denominado “cenário de pior caso” foram utilizadas as maiores concentrações quantificadas desses compostos (42,7 µg kg-1, 117 µg kg-1e 138 µg kg-1, respectivamente). No terceiro cenário, a avaliação de risco foi feita com base nos níveis de preocupação para B[a]P estabelecidos pela Agência de Vigilância Sanitária (6,0 μg kg-1 para peixes).

Resultados e Discussão

Os resultados indicaram que, no cenário médio, os valores de MOE foram superiores a 10.000, sugerindo um risco de baixa preocupação para a saúde dos consumidores. O terceiro cenário, utilizando os níveis de preocupação estabelecidos pela Agência de Vigilância Sanitária, também apontou para um risco de baixa preocupação. No entanto, no cenário de pior caso, onde o risco foi avaliado em condições extremas, observou-se uma potencial preocupação nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, com valores de MOE inferiores a 10.000. Esse fato foi associado ao alto consumo de peixes nessas regiões.

Conclusão

Neste estudo, a abordagem MOE foi empregada com sucesso para a avaliação de risco, alinhando-se com as recomendações internacionais atuais. Esses achados são fundamentais para apoiar decisões regulatórias e garantir a segurança dos alimentos no país, especialmente após desastres ambientais.

Área

Toxicologia e microbiologia de alimentos

Instituições

Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

Ana Paula Zapelini de Melo, Rodrigo Barcellos Barcellos Hoff, Luciano Molognoni, Thais Oliveira, Heitor Daguer, Pedro Luiz Manique Barreto