Dados do Trabalho


Título

ANÁLISE DA MICOBIOTA DA PIMENTA-PRETA (Piper nigrum)

Introdução

A pimenta-preta é amplamente utilizada na gastronomia, na medicina e na indústria alimentícia; Estudos recentes têm demonstrado a contaminação por fungos toxigênicos, colocando em risco a segurança alimentar e o setor produtivo. Este trabalho tem como objetivo elucidar as espécies que compõem a micobiota presente na pimenta-preta através de uma abordagem molecular multilocus, a fim de compreender os principais grupos de fungos e espécies toxigênicas que contaminam esta especiaria. Além disso, pretende-se medir os níveis de contaminação fúngica das amostras coletadas.

Material e Métodos

Foram coletadas 36 amostras de pimenta-preta no estado de São Paulo, tanto em grãos quanto moídas. Contagens e isolamentos de fungos foram realizados seguindo o método de Pitt e Hocking (2009). Foram obtidas 783 cepas fúngicas e realizadas análises morfológicas para seleção de representantes para análise molecular. Destas cepas, 235 foram submetidas à análise molecular multiloci, utilizando os loci ITS (rDNA), Calmodulina (CaM), Beta-tubulina (BenA), segunda subunidade principal da RNA polimerase II (RPB2) e fator de alongamento de tradução (Tef-1α); sendo a escolha do locus de análise feita de acordo com o grupo taxonômico abordado. As cepas foram sequenciadas usando um analisador genético SeqStudio (Applied Biosystems, EUA).

Resultados e Discussão

Das 18 amostras de grãos cultivados, apenas duas estavam livres de contaminação fúngica, com níveis variando de 0% a 100% de grãos infectados, com média de 39,6%. Em relação à contaminação nas amostras de pó, os níveis variaram de 1,0x102 a 8,3x105 UFC/g, com média de 1,1x105 UFC/g. A análise molecular revelou 12 gêneros fúngicos, sendo Aspergillus o predominante. Dentre os Aspergillus foram identificadas as seções Nigri, Flavi, Fumigati e Nidulantes. A. niger e A. flavus foram as espécies mais frequentes.

Conclusão

Até o momento, 29 espécies de fungos foram identificadas na pimenta-preta, com elevada presença de Aspergillus spp. sendo ao menos 3 espécies ocratoxigênicas e 4 aflatoxigênicas, sugerindo um risco potencial para os consumidores. É também relevante notar que muitas espécies foram encontradas pela primeira vez neste substrato, incluindo Aspergillus agricola, Myrmecridium flexuosum e Rhodotorula paludigena. Estas descobertas contribuem significativamente para uma melhor compreensão da segurança alimentar deste produto amplamente utilizado em todo o mundo.

Área

Toxicologia e microbiologia de alimentos

Instituições

Instituto de tecnologia de alimentos - São Paulo - Brasil

Autores

Vinicius Sanches Rosa, Adriana Raquel Persson da Silva, Giovana Marrafon Pessatti, Beatriz Thie Iamanaka, Josué Jose da Silva