Dados do Trabalho


Título

Determinação da Composição de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs): Ora-Pro-Nobis, Capuchinha, e Beldroega

Introdução

O Brasil é reconhecido globalmente por sua rica biodiversidade, detendo cerca de 15 a 20% das espécies do planeta. A literatura menciona pelo menos 3 mil espécies de plantas com potencial alimentício ocorrentes. Nessa perspectiva, as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), aparecem como alternativa de diversificação da alimentação cotidiana, devido ao crescente reconhecimento do seu valor nutricional, muitas vezes equivalentes ou até superiores aos das plantas convencionais. O objetivo deste estudo é analisar os macro e micronutrientes de três espécies de PANCs folhosas, ora-pro-nobis, capuchinha e beldroega, consumidas cruas, e integrar os dados à Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA).

Material e Métodos

Amostras dessas folhas foram coletadas em diferentes regiões da cidade de São Paulo e submetidas à análise de composição centesimal método AOAC e micronutrientes por espectrometria de emissão óptica com plasma argônio (ICP OES). Os dados foram tratados com médias, desvios padrão e testes de ANOVA e Tukey.

Resultados e Discussão

Apesar da padronização das análises para base seca e sua conversão para amostra integral, os resultados revelaram variações significativas entre os tratamentos, especialmente nas quantidades de fibras e proteínas, e alguns minerais. A capuchinha apresentou um teor de proteína (4,30%) significativamente maior do que a ora-pro-nobis (2,03%) e a beldroega (1,39%), desafiando a reputação desta última como uma boa fonte desse macronutriente.

Conclusão

Esse achado ressalta o potencial da capuchinha como alimento de qualidade, dada a importância da proteína na dieta humana. Tanto a capuchinha quanto a ora-pro-nobis mostraram uma quantidade maior de fibra alimentar em comparação com a beldroega. O extrato etéreo apresentou valores relativamente baixos para todas as plantas, com diferenças estatísticas entre a capuchinha e a beldroega. Além disso, as plantas também se destacaram como uma rica fonte de cálcio e magnésio, atingindo os níveis de ingestão dietética recomendada (RDA) estabelecidos pela Dietary Reference Intakes (DRI). A busca por produtos naturais visa atender às necessidades nutricionais, e os resultados indicam que as PANCs analisadas são opções alimentares nutritivas, especialmente em termos de proteínas e fibras. No entanto, pesquisas complementares são necessárias para uma compreensão mais completa de sua composição e potencial alimentar.

Área

Química, bioquímica e físico-química de alimentos

Instituições

Universidade de São Paulo - USP - São Paulo - Brasil

Autores

LUISA MORAES GONÇALVES, ALEXANDRE MINAMI FIOROTO, ELIANA GIUNTINI, EDUARDO PURGATTO