Dados do Trabalho

Título

Enterobacteriaceae resistentes a carbapenêmicos isoladas de saladas de hortaliças prontas para o consumo

Introdução

Alimentos consumidos de forma crua podem ser veículos de bactérias resistente a antimicrobianos, com destaque para a família Enterobacteriaceae. Os carbapenêmicos são antimicrobianos usados como último recurso no tratamento de infecções humanas graves causadas por cepas resistentes a outros antibióticos. O objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil de resistência a carbapenêmicos em cepas de Enterobacteriaceae isoladas de hortaliças cruas prontas para o consumo.

Material e Métodos

Um total de 150 cepas, isoladas hortaliças cruas servidas em restaurantes self-service, foram avaliadas. O teste de disco-difusão foi utilizado para investigar o fenótipo e a reação em cadeia da polimerase (PCR) para investigar os genes de resistência (blaOXA-48, blaIMP, blaVIM, blaKPC) a carbapenêmicos.

Resultados e Discussão

Seis cepas (4%) foram não-sensíveis aos carbapenêmicos, sendo quatro cepas (2,67%) com fenótipo de resistência intermediária à ertapenem (Enterobacter cloacae, Escherichia coli, Klebsiela pneumoniae e Serratia marcescens) e duas cepas (1,33%) com fenótipo de resistência à imipenem (Enterobacter bugandensis e Klebsiela pneumoniae). Entre as cepas com resistência intermediária a ertapenem, E. cloacae e K. pneumoniae, apresentaram o gene blaVIM, enquanto E. coli apresentou o gene blaKPC.

Conclusão

As cepas não-sensíveis que não apresentaram os genes de resistência pesquisados sugerem a possível presença de outros genes de resistência ou outros mecanismos de resistência à carbapenêmicos não investigados. A detecção de Enterobacteriaceae resistentes a carbapenêmicos em hortaliças cruas é alarmante. Os vegetais são contaminados indiretamente por água, solo, colheita ou manuseio. Enterobacteriaceae resistentes a carbapenêmicos em vegetal indica uma rápida disseminação de genes de resistência entre as bactérias, antes encontrado somente em hospitais, representando um grave problema de saúde pública global, destacado entre as principais preocupações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Os resultados deste estudo reforçam a necessidade de abordagens integradas para o controle da resistência a antimicrobianos, dentro do conceito de Saúde Única, envolvendo a interseção entre saúde humana, animal e ambiental.