Dados do Trabalho

Título

CERVEJAS “GLUTEN FREE”, POSSO CONFIAR?

Introdução

A cerveja é uma bebida alcoólica a base de cereais, dentre eles o trigo e a cevada que são fontes de glúten, proteína nociva à saúde de pessoas com intolerância. Como medida preventiva e de controle da doença celíaca, a Lei nº 10.674/2003 obriga que fabricantes de alimentos declarem nos rótulos a presença ou a ausência de glúten, no entanto, não é definido valor de referência. Em 2017 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária orientou que, se o rótulo do produto declara na lista de ingredientes trigo, centeio, cevada, aveia e seus derivados, deve ser veiculada a advertência “CONTEM GLUTEN”. Já de acordo com o Ministério da Agricultura a cerveja sem glúten é aquela elaborada com cereais não fornecedores de glúten ou que tenham seu teor abaixo do estabelecido por regulamento técnico específico. Nesse caso também não há definição de limites.

Material e Métodos

Neste trabalho teve-se como objetivo avaliar o teor de glúten em amostras de cerveja tradicionais e amostras denominadas “glúten free”, confrontando os resultados com a declaração da advertência e com a lista de ingredientes. Foram analisadas 18 amostras, sendo 8 com a declaração “NÃO CONTÉM GLÚTEN”. Utilizou-se kit imunoenzimático de ELISA (R-Biopharm®, código R7021) verificado para a matriz cerveja, com limite de detecção (LD) e quantificação (LQ) de 10 e 16 mg de glúten/L, respectivamente.

Resultados e Discussão

Todas as amostras continham na lista de ingredientes pelo menos uma fonte de glúten (cevada), mesmo aquelas com declaração “glúten free”. Para estas, todos os resultados obtidos foram abaixo do LD. Para as amostras com declaração “CONTÉM GLÚTEN” foram obtidos valores inferiores ao LD e ao LQ para 4 (40%) e 1 (10%), respectivamente, entre 16 e 46 mg/L para 4 amostras (40%) e superior a 270 mg/L para 1 amostra (10%). Assim, as cervejas “glúten free” analisadas são seguras para o público celíaco, mesmo declarando a fonte de glúten na lista de ingredientes.

Conclusão

O processo de fabricação impacta diretamente no teor final do glúten, independente dos ingredientes usados, havendo necessidade de alinhamento dos órgãos reguladores sobre a rotulagem desse produto, garantindo a clareza das informações, a segurança do consumidor e a ação sanitária.