Dados do Trabalho


Título

POTENCIAL TECNOLÓGICO DO CAMBUCÁ (Plinia edulis (Vell.) Sobral): CARACTERIZAÇÃO BIOMÉTRICA DO FRUTO E AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE SUAS FRAÇÕES (CASCA, POLPA E SEMENTE)

Introdução

O cambucá (P. edulis (Vell.) Sobral) é uma fruta pertencente à família Myrtaceae, endêmica da Mata Atlântica e que corre risco de extinção. São poucos os estudos que evidenciam o potencial tecnológico da polpa do cambucá, enquanto que para a casca e semente estes ainda são inexistentes. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial tecnológico do cambucá de forma integral, considerando suas frações de casca, polpa e semente.

Material e Métodos

Para isso, foi realizada uma caracterização biométrica dos frutos inteiros maduros (n=100), considerando-se suas dimensões, volume, massa e rendimento das frações. Estas últimas foram avaliadas quanto às características físico-químicas, sendo elas: umidade, atividade de água (Aw), açúcares, presença de amido (Lugol), pH, sólidos solúveis totais (SST) e acidez total titulável (ATT).

Resultados e Discussão

Os resultados obtidos indicam que as dimensões médias horizontal e vertical (4,20 e 3,62 cm) confirmam o formato esferoide oblato do cambucá, que apresentou massa e volume médios de 51,7 g e 33,99 cm³, respectivamente, e elevado rendimento em polpa (50,94 %), seguido de casca (36,87 %) e semente (12,19 %). A polpa e a casca obtiveram os maiores teores de umidade, equivalendo a 90,28 e 88,13%, respectivamente, enquanto que todas as frações apresentaram Aw muito próximas de 1,0, configurando elevada perecibilidade. A polpa demonstrou maior teor de açúcares redutores (5.577,07 mg eq frutose.100g-1 amostra in natura), sendo estes responsáveis pelo seu dulçor, enquanto a semente apresentou maior conteúdo de açúcares não-redutores (36.787,80 mg eq frutose.100g-1 amostra in natura), estando eles associados à presença de amido na matriz, conforme resultado positivo do teste de Lugol. Apesar de ser prevalentemente doce, com SST equivalentes a 9,7 ºBrix, a polpa do cambucá apresenta um equilíbrio com a acidez, com pH de 3,41 e ATT de 0,55 g ác cítrico.100 g-1 amostra in natura. Entretanto a casca foi a fração mais ácida, com pH de 3,03 e ATT seis vezes superior à polpa.

Conclusão

Os resultados indicam que não só a polpa, mas também os resíduos de casca e semente de cambucá, apresentam potencial tecnológico a ser aproveitado, o que pode incentivar a criação de cadeias agroprodutivas inovadoras a partir do fruto.

Área

Química, bioquímica e físico-química de alimentos

Autores

IGOR ARTUR ELLER PAZZINI, SULIANA CENAQUE ANDRADE, CARMEN MARIA OLIVERA MÜLLER