Dados do Trabalho
Título
TEORES DE MERCÚRIO EM PEIXES COMERCIALIZADOS NO MERCADO MUNICIPAL DE HUMAITÁ – AM
Introdução
O pescado é reconhecido por seu papel alimentar e nutricional, porém a contaminação dos peixes por metais, como o Mercúrio (Hg) um metal tóxico que gera impactos ao ecossistema e à saúde humana devido à sua capacidade de acumulação ao longo da cadeia alimentar e tem se configurado como um problema de saúde pública, especialmente para a população ribeirinha da região Norte do Brasil, que tem o peixe como o principal componente da alimentação diária. Visto isso, este trabalho teve como objetivo investigar os teores de Hg total em diferentes espécies de peixes.
Material e Métodos
Espécies de peixes Matrinxã (Brycon falcatus) (n=24), Pacu (Mylossoma duriventre) (n=24), Tambaqui (Colossoma macropomum) (n=24), Jatuarana (Brycon amazonicus) (n=24) e Pescada (Plagioscion squamosissimus) (n=7), foram coletados no mercado municipal de Humaitá - AM, em duas estações do ano. O Hg total foi determinado por espectrometria de absorção atômica após decomposição térmica e amalgamação em ouro.
Resultados e Discussão
Hg foi detectado em 77% das amostras, com teores > 0,050 mg/kg (limite de detecção), sendo o maior valor identificado em amostra de Pescada (0,852 mg/kg). Os teores medianos de Hg foram significativamente maiores (teste de Kruskal-Wallis, p≤0,05) em Pescada (0,592 mg/kg), seguida de Jatuarana (0,124 mg/kg), Matrinxã (0,083 mg/kg), Pacu (0,051 mg/kg) e Tambaqui (0,003 mg/kg), sendo possível estabelecer uma correlação positiva entre os teores de Hg e a cadeia trófica dos peixes. Os teores de mercúrio nos peixes coletados nas duas estações climáticas (chuvosa e seca) foram estatisticamente diferentes, principalmente entre as espécies Jatuarana e Matrinxã que na estação seca apresentaram ocorrência em 100% das amostras e na cheia em 58,3%.
Conclusão
A ingestão estimada de metilmercúrio para a população ribeirinha do Rio Madeira – AM, por método determinístico, superou à ingestão semanal tolerável provisória (PTWI) de 1,6 μg/kg/semana determinada pelo Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives (JECFA), indicando risco elevado de patologias neurológicas nessa população. O estudo demonstra ainda a necessidade de biomonitoramento do ecossistema aquático vulnerável a fontes antrópicas de Hg, para auxiliar no desenvolvimento de melhores estratégias preventivas e ações para a questão da exposição ao Hg nessa região.
Área
Toxicologia e microbiologia de alimentos
Autores
JOSÉ WILKER DE AMARAL, Flávia Beatriz Custódio, José Maria Soares, Luciana Albuquerque Caldeira Rocha, Maria Beatriz Abreu Glória