Dados do Trabalho


Título

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE SECAGEM EM CAMADA DE ESPUMA NO TEOR DE COMPOSTOS FENÓLICOS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO PÓ DE ARAÇÁ-BOI (Eugenia stipitata Mc vaugh)

Introdução

A Floresta Amazônica abriga uma variedade de espécies frutíferas subutilizadas, como o araçá-boi, cuja polpa carnuda e ácida oferece considerável potencial alimentício. Dada a alta perecibilidade dessa fruta, a técnica de secagem em camada de espuma emerge como um método promissor, produzindo um pó poroso e facilmente reidratável e permitindo o uso de temperaturas inferiores às da secagem convencional. Este estudo objetivou avaliar o impacto da temperatura de secagem sobre o teor de compostos fenólicos e a atividade antioxidante do pó de araçá-boi, utilizando a metodologia de camada de espuma.

Material e Métodos

Os frutos foram adquiridos em Barra do Bugres-MT e processados adicionando-se 5% (m/m) de emulsificante Emustab® à polpa, seguida de homogeneização por 8 minutos. As espumas formadas foram então espalhadas em placas de Petri e secas em estufa a 60 °C e 70 °C até atingirem peso constante. Os compostos fenólicos foram quantificados através de espectrofotometria usando o reagente de Folin-Ciocalteu e etanol a 95% como branco, com leituras a 725 nm, enquanto a concentração de ácido gálico foi determinada por curva de calibração. A atividade antioxidante foi avaliada pelo método de sequestro do radical DPPH, utilizando extratos preparados a partir de 50 mg do pó em 1 mL de etanol, incubados a 40 °C por 30 minutos e analisados após 24 horas de incubação no escuro, com leituras em espectrofotômetro a 517 nm.

Resultados e Discussão

Os resultados indicaram que o conteúdo de compostos fenólicos foi significativamente maior nos pós secos a 60 °C (2,07 mg EAG/L) em comparação com os secos a 70 °C (9,19 mg EAG/L), implicando uma degradação térmica substancial desses compostos em temperaturas mais elevadas. Notavelmente, os valores de IC50, 0,954 ± 0,03 mg/mL para 60 °C e 0,867 ± 0,05 mg/mL para 70 °C, não mostraram diferenças significativas (p > 0,05). Este resultado sugere a presença de outros compostos antioxidantes não fenólicos nos extratos, que podem estar contribuindo para a manutenção da atividade antioxidante, independentemente da redução dos fenólicos.

Conclusão

Conclui-se que a eficácia antioxidante dos pós secos de araçá-boi pode ser preservada com componentes estáveis durante o processo de secagem.

Área

Alimentos não convencionais: fontes alternativas

Instituições

Universidade Federal de Santa Maria - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

MARIELI ROSSETO, Cesar Vinicius Toniciolli Rigueto, Juliana Ferreira Menezes, Claudineia Aparecida Queli Geraldi, Aline Dettmer, Neila Silvia Pereira dos Santos Richards